quarta-feira, 31 de maio de 2017

Sra. M.

A situação caótica e esquizofrênica que vivemos nos aprisiona cada vez mais. Precisamos nos reinventar e nos recriar para que nossas funções e nossa forma de viver não seja responsável por nos amarrar em uma sociedade e em uma política cobra-coral. Cabe a nós, artistas, nos desvencilhar dessas amarras impostas e nos retirarmos dessa teia amoral que estão tentando nos jogar. Somos a armada revolucionária que explode com pensamentos. Se somos contrários a vigência condicional estabelecida precisamos nos ligar com força, eletricidade, interruptores e colorirmos essas vistas cegas acinzentadas de ódio e banhadas em lágrimas de uma mulher chamada mídia. Ela nos conta coisas que não são verdadeiras. Ela nos faz amar pessoas que nem conhecemos. Ela nos faz gastar sem ter. Querer sem querer. Ela é uma serpente que nos hipnotiza e dá o bote exatamente no aurículo esquerdo injetando sua peçonha bem pertinho da aorta. Um segundo depois nossos corpos e mentes estão tomados por esse elixir contrário que corre por dentro de nossas veias. Três segundos depois exala por nossos poros. O aroma não é humano. É aroma humano fétido putrefato. Bons eram os tempos que ao olharmos virávamos pedra. Éramos um agregado sólido que se constituía naturalmente, minerais ou mineraloides, não importava, éramos um. Agora os entendidos se denominam petrologistas e insistem em nos encaixotar, classe a classe, montadas pelo cheiro que exalamos, mas nossos cheiros já não importam mais, eles nos contam nada, somos apenas fragmentos soltos solitários de sal. Doces eram nossos sonhos que se esvaziaram como bexigas sem nó que urram tristes espiralando cheias de desespero quando lembram de tudo que possuíam esvair. Caímos. Murchos. Mortos.  

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