segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Viandar

O acaso me intriga. Como poderia imaginar que aquela noite tornaria-se tão inesquecível para mim. Ela começou como uma qualquer. Imaginava muitas coisas porém minha intuição que raramente falha aquela vez me enganou. Não posso dizer que não sonhava com um acontecimento especial mais era apenas uma noite como outra qualquer. Talvez a bebida tenha acelerado minha forma poética de ver as coisas, talvez meu estado espiritual abalado devido a falta que ainda sentia do meu amor também interferia em mim. Talvez nem a eterna boa vontade de meus amigos e a paciência transcendental destes fosse capaz de me suportar. Foi nesse estado que cheguei lá. As luzes me encantavam. Elas me levaram a uma dimensão onde cores das mais variadas atingiam minha retina com tal força que era capaz de causar espasmos em cada músculo de meu corpo. Não sentia mais nada. Flutuava. Voava. Dançava. Tudo muito intensamente. E loucamente desejava mais a cada segundo que passava... e passou. Tão rápido como um flash seguido por uma fotografia que marca pela eternidade um momento. Um momento que admiro até hoje. Foi rápido volto a dizer e mesmo assim me recordo com detalhes de tudo. Um rosto. Uma voz. Um carinho. Muito desejo. Sonhei acordado, tudo que sentia antes foi esquecido, perdido na batida de mais uma música como um texto escrito a lápis se transformando em pó depois que uma borracha passa por cima deste. Senti ser tocado mais uma vez pelo amor, que outrora me deixou tão repentinamente como chegou. Prazer, o dia acabou e começou com essa definição. Sofri mais uma vez por querer ter quem nem ao menos se lembra que fiz parte daquela foto, daquela noite, daquele momento! Hoje queria apenas esquecer a luz dos teus olhos, porque assim eu não sentiria saudade deles. Queria esquecer o tom da sua voz, o seu jeito de falar, esse sorriso lindo que só você tem. Queria tanto, mais não posso, pois o que sinto por ti é tão forte, impossível de esquecer, mais uma coisa é certa, sem você não sei viver. E continuo a esperar, quem sabe você voltar, lembrar ou pelo menos me ligar...