terça-feira, 21 de junho de 2011

Você

Posso imaginar o quão difícil é para as pessoas comuns entenderem um pouco de nós artistas. Vivemos em um universo paralelo sim! Em uma sociedade exclusivamente nossa. Habitamos um mundo, uma esfera onde sentimentos borbulham, matam e revivem dentro de nós com intensidade tal qual uma explosão nuclear, atômica quiçá. Não a toa o lendário Pierrot me inspira tanto. Ele é o personagem que representa e ilustra o mais sublime e puro espírito artístico, sentimento esse que nos move. Talvez se em você existir um grama que seja do nosso sangue burlesco você já tenha entendido o que quero dizer. Falo isso tudo pois, para escrever um texto como esse é preciso inspiração. E justifico-me dizendo que você é a inspiração desse mote. Esses escritos são para você. Lembro-me que certa vez, logo no começo, você descobriu que eu tinha alguns hábitos diferentes dos comuns, um certo dom, se é que assim posso chamar o hábito de utilizar palavras que muitos não usam em nosso cotidiano, uma forma de expor esse emaranhado de letras de maneira poética, se me permitem dizer que isso que escrevo é poesia. Você se empolgou com a idéia. E te entendo perfeitamente pois eu no seu lugar também agiria assim. E seu desejo instantaneamente se materializou em suaves notas sonoras, essas que ainda me pego ouvindo, e tão espontaneamente me disse: escreva sobre mim. Juro que tentei. Juro que me cobrava. Juro que fui me apaixonando e me perdi. Me perdi de tal forma que quando me encontrei já estava sofrendo por não ter você perto de mim, sofrendo por te ver cada vez mais distante, em vários rostos, sofrendo por lembrar do seu perfume, e entender que seu cheiro ainda me fere... Ironicamente aquela inspiração que procurei incansavelmente para te exaltar, para nos celebrar, encontrei anexa ao meu sofrimento. Seu texto estava pronto. Poderia eu ter escrito sobre como te amei, sobre como pensava em ti, sobre como vislumbrava um futuro nosso. Sobre tanta coisa nossa, sobre tudo. E aqui estou, escrevendo sobre o que sobrou, sobre quase nada. Posso contar nos dedos de uma mão coisas que você me deixou, como por exemplo, uma foto mal tirada, alguns números de telefone que insisto em não esquecer na esperança que eles apareçam em meu telefone, várias lembranças, algumas vontades e dor... Minto para mim dizendo que não penso em você, na esperança quem sabe de acreditar. E desejo. Desejo com toda minha força um dia poder te abraçar novamente e mesmo sabendo que essa história não é como um conto mantenho a fraca chama da esperança acesa. Enfim, você, como havia outrora pedido, aqui está o meu texto. Para você. Que infelizmente nem se despediu de mim...