terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A era do não

Realmente, estamos vivendo uma era inglória. Uma era confusa, uma era que não podemos chamar por um herói, pois não o temos. Precisamos ser nossos próprios heróis. É importante que se diga antes de tudo, que por definição, herói é uma pessoa de grande coragem ou autora de grandes feitos, ou ainda, personagem nascida de um ser divino, contudo, de seres divinos estamos definitivamente distanciados. Somos mais humanos que nunca. Somos mais incertezas que nunca. Somos mais desumanos que sempre. Notamos que o não prevalece entre nós. Sim, a certeza do não. E assim temos certeza de não possuir certeza alguma. Tudo tem sido mais difícil, até mesmo as pequenas coisas. Viver tem se tornado um ato heroico, principalmente nas cidades. Principalmente nas grandes cidades. Certa vez li de um psiquiatra francês: “... cidades com quatrocentas a quinhentas mil pessoas são desvios da natureza.” Logo nós, frágeis humanos que estamos inseridos nessa grande bolha urbana transviada não passamos de seres errantes desviados de nossa singela condição. Não vejo mais um olhar em minha direção. Não mais converso olhando em olhos. Tudo é apenas um momento que já passou. Será que nós estamos apenas passando? Eu tenho vontade de parar. A era do não diz apenas “não!”. Sigo. Sigo tentando me metamorfosear em meu próprio herói com a esperança ele não acabe com heroína.