sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Drive By - Train


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Baço

Eu e minha constante demanda interna, minha constância questionadora, algo quase inexorável, algo ínfimo, algo tão particular que descrevê-lo torna-se tarefa ingrata, contudo, em meu eu, é como se algo me cutucasse a tentar fazer o mais difícil, a acessar o inacessível, a tanger o intangível e por vezes tentar colorir o que é baço. Minhas incertezas brotam como ervas daninha em terreno fértil, as perguntas surgem como água no alto da cascata, eternas. Eu sei de tão pouco, e o que eu sei é quase nada. Por que tenho essa ânsia de saber sempre e saber mais? Por que? Fato que destes questionamentos encontro algo rico, algo que me engrandece, um algo quase nobre. Outrora tive a oportunidade de ler o seguinte: "O que não pulsa, morre." e disso tenho certeza que não padecerei, sinto que pulso, por momentos em demasia, mas esse pulsar insano me da vontade de mais, de querer mais, de buscar mais... Aí quando volto a si já é tarde. Me joguei. Sem medo. Sem receio. Sem escrúpulos. De braços aberto e de peito limpo. O abismo está logo ali e eu dentro dele, em queda livre, me abstraio de tudo que é humano, de tudo que é terreno, de tudo que é divino. O que busco é algo maior, algo que ainda não tenho, algo que me satisfaça por completo. A busca continua, continuará. Com ela me fortaleço e estremeço, com ela me entristeço, e me alegro, mas sem ela não vejo mais sentido, os buracos que continuam sem explicação me causam furor, sentimentos confusos pulsam dentro desses espaços mas é como se precisasse deles para deles tirar a ânsia de seguir... sigo. E espero um dia poder sorrir, um dia ser esse sorriso que busco o resultado destes sacrifícios todos, seja como um grão de areia perdido no espaço, seja como uma gota de mar em meio a um oceano.

domingo, 4 de agosto de 2013

Jurisprudência

Eu seguia pelo meu caminho. Combalido. Não estava bem e meu pensamento insistia em tentar encontrar uma explicação, quem sabe uma resposta para meu alento, algo que justificasse de forma concisa o que havia passado, e mais importante, o porquê ainda sentia. O caminho era cotidiano, abaixo de meus pés os cascalhos do caminho produziam um cascalhar melodioso, se não irônico, da minha fisionomia flagelada pelas interrogações que sentia. Seguia. Era preciso. Agora que não tinham mais ninguém, era apenas eu por eu mesmo. Passos após passos. Algo diferente. Anormal. Estava logo a frente. Era como se fosse um livro, confesso que bastante surrado, talvez nem só pelo tempo mas também pelo excesso de leitura, pelas muitas mãos que por ali passaram. Misericordioso o recolhi do chão e piedoso tirei o tanto de terra que estava sobre sua capa. Foi com um assopro que o pó alçou vôo e o título escrito em letras clássicas se revelou: Jurisprudência do amor. As primeiras linhas explicavam do que se tratava. Não dizia quem havia escrito. Deixava claro que era uma espécie de remédio oferecido aos doentes, nem todos poderiam ler, poucos teriam a capacidade de compreender, contudo era obrigação de quem o tivesse em mãos desfazer-se dele, de forma a seguir os instintos recebidos pelo coração, e o mais importante, dividir de alguma forma o que aprendeu. E assim tenho feito, em forma de textos, apesar de muitos pensarem tratar-se de algo fictício, algo romântico ou até louco. Que seja o que pensarem, entendo perfeitamente a situação de cada um desses achismos, pois hoje eu conheço as leis do amor, e não tenho medo de assumir que fiz tudo errado, que sofri e é como recompensa por esse sofrimento que me encontro aqui para dividir como fui incumbido e passar adiante o que de mais importante as leis dizem: "1 - Não ame só. Amar só é como tentar segurar a pouca água de um copo nas mãos. Amar é uma troca, e se você não sente essa troca você não tem um amor. 2 - Não gaste amor em vão. O melhor investimento em amor é aplicar em algo que você receba amor como dividendos. Se você gastar sem receber, vai ficar sem, e sem você não o terá novamente. 3 - O amor deve ser sentido no tempo certo. Tal como uma planta, você cuida, rega, poda e no momento certo colhe os frutos assim é o amor, se você não plantá-lo, cuidá-lo, e no momento exato colher os frutos, ele apodrecerá no pé. 4 - O amor é como um cavalo selado, passa apenas uma vez na sua frente, aproveite a oportunidade, não fuja, não tenha medo. São raros os cavalos que retornam, e se ele voltar considere-se abençoado. 5 - Não vire as costas para o amor. Sentimento rancoroso quando negado te marca, não volta, foge de você. Não negue estadia ao amor." São basicamente esses os pontos mais importantes na lei do amor e todos deveriam pensar, fazer e sentir, pois, o amor é sublime.

domingo, 28 de julho de 2013

Obnubilações

Sinto meu corpo clamar contudo não consigo entender. É como se eu soubesse o português e ele insistisse em falar armênio. A linguagem dos gestos não funciona, talvez o que seja mais próximo da compreensão sejam as sensações. Elas sempre chegam. E elas sempre me confundem. Como entender sinais? Como decifrar sensações? Como imaginar como será se não sei como é? Fato concreto é que os membros estão se manifestando, cada vez mais, cada vez com mais intensidade. Precisam me comunicar algo que dentro de minha incapacidade humana não consigo entender para tentar sanar. Fico perdido dentro desta bolha chamada culpa. É tudo tão confuso que me sinto inerte dentro dos meus movimentos constantes. Mas as sensações não param. Eu sinto meus pés gelados, a minha ação paliativa e natural é tentar aquecê-los. Não consigo. É como se eles desejassem permanecer assim. Meus joelhos fraquejam. Estalam com a constância dos minutos de um relógio preciso. Não falha. Parecem não fazer questão de me sustentar. Minhas mãos não passam de extremidades, na atual conjuntura desnecessárias, pois apenas servem de suporte para dedos carcomidos que não me ajudam. Os cotovelos são tão flexíveis quanto remos de um velho barco. E aí chegamos ao centro de controle de todo o sistema, a cabeça. Sustentado por um pescoço reumático, as dores são constantes. Minha boca ainda serve de entrada para alguns tipos de alimentos, outros preferem ser jogados para dentro de maneira intravenosa. Dela gostaria que pudessem sair palavras, até poderia sonhar com uma música, mas nada além de urros brotam. Meu nariz não sente mais nenhum aroma, apenas por vezes tenho a impressão do cheiro do álcool. Os olhos, talvez o que ainda me resta em pleno funcionamento, de fato eles são as janelas da alma, e apesar de não ter o mesmo brilho que emanavam, ainda vejo cada cor, ainda consigo decifrar cada forma, vejo aquelas pessoas de branco indo e vindo, e por vezes a falta de cor me incomoda, é tudo tão sério. A imagem que mais me recorre é a do arco íris, no céu, depois da chuva, a paz, o canto dos pássaros, o cheiro de terra, sinto até a brisa em meu rosto. É tudo tão estranho pois consigo sentir isso tudo por meio de olhos que porcamente enxergam algo. Já o cérebro continua a ser o senhor dos poderes, o mais sério. Eu gostaria que existisse em algum lugar deste combalido resto mim um botão que pudesse apertar para que minha alma fosse ejetada e liberta desta tortura que me aprisiona. Eu desejo todo dia desligar. E só consigo reiniciar. Durmo. E amanha sei que vou acordar igual...

sábado, 1 de junho de 2013

Cianometria

É tudo tão incerto, principalmente dentro de mim. Eu sinto coisas inexplicáveis, porém compreensíveis, pelo menos aos meus olhos. São sentimentos ininteligíveis para outros, sejam próximos ou distantes a mim. Sensações que me colocam frente a frente comigo, e desse embate degladeio-me ao ponto de sempre sair sem uma parte de mim. Sinto os ferimentos pulsarem, sinto as partes que arranquei de mim, e o mais grave de tudo, essas chagas não se curam e adiante vejo um outro confronto... Meu estômago afunda, sinto-o mais corroído a cada momento e por vezes até furado. Preciso ajudar-me, preciso enxergar direito, preciso sentir-me bem, preciso de atenção, preciso de carinho, preciso eliminar peso, mas apenas consigo perdê-los e o pior  que eles sempre me encontram e estão acompanhados de mais dois ou três. Penso que só preciso deixar de existir para reexistir, aí sim, liberto de todos os maus em mim enraizados. Entretanto as palavras que eu espero para que esse processo se inicie nunca chegam. Espero convicto que chegarão, mas a incerteza parece ser mais forte e se fortalece ainda mais, por momentos me liberto gritando ao nada, mas a única resposta que ouço é o eco, e ele nada me diz. Tudo piora, pois o tempo tem me cobrado e tenho sentido que ele é impiedoso. Por horas acredito ter encontrado algo diferente, mas sempre o não se manifesta, só encontro confusão e mais tempo... E dentro da minha humanidade sigo esperando, continuo acreditando que aprenderei, terei de aprender de uma forma ou de outra.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Deus

Queria chegar em um local que nunca alguém chegou. Tenho certeza que lá serei a melhor pessoa, terei minhas leis, minhas verdades, e quem eu quiser que esteja comigo. Serei absoluto. Eu farei minha natureza. Escolherei minhas luas, o período que o frio vai reinar, quanto tempo a noite vai durar, o tempo dos dias, as horas do ano e os planetas do sistema. As estações serão a meu gosto, quantas eu quiser, com quais características me agradar, e sim, elas poderão ser mutáveis. Vai existir muito verde, vai existir muitas possibilidades, vai existir muita tecnologia e existirá muito respeito. Minha moradia será interessante, com minha personalidade edificada através de paredes, portas, janelas e um belo jardim, eles me agradam muito e me remetem a bons tempos, existirá também nesse jardim um ipê amarelo porquê eu gosto deles. Tenho ainda muito a pensar para quando chegar resolver tudo o mais rápido possível, planejo que em seis dias tudo esteja em perfeito funcionamento para que no sétimo eu possa descansar e admirar meu trabalho. Claro que ainda tenho algumas dúvidas, mas alguns pontos estão tão certos como a fé! Não trabalharei com memórias. Elas são prejudiciais na maior parte do tempo. Óbvio que não posso ser generalista e dizer que elas sempre são prejudiciais, mas as possibilidades de erro ao usarmos superam com grande margem as vezes que elas são boas. Assim prefiro não arriscar. Alguns sentimentos não existirão, dessa forma estaremos blindados de muitos problemas decorrentes do mal funcionamento destes, que não é raro ocorrer. Vou gastar bastante tempo construindo histórias, elas me fascinam e fascinarão todos que estiverem em uma noite com uma bela lua ao redor de uma fogueira. Nas histórias tudo será possível e basta cada um imaginá-la para que seu sorriso brote. Aliás, os sorrisos serão as joias mais preciosas, quem um dia conquistar um pode ter certeza que possuirá a maior riqueza que deixarei para os que virão depois de mim...

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Ecoar

As vezes eu acordo com aquela vontade louca de permanecer na cama até que meu corpo doa de vontade de levantar. As vezes eu quero lembrar nada do que vivi na noite passada quando sequer fui ouvido por quem na verdade me devia explicações. As vezes eu super valorizo pequenos gestos que na verdade não tem valor algum. As vezes sou uma pessoa carente, as vezes me apaixono. As vezes eu me sinto a pessoa mais inútil do mundo, não sou merecedor de uma ligação para dizer: "Lembrei de você." As vezes minha companheira é a solidão das noites, pois nem o sono ficou próximo a mim, as vezes o barulho da noite me assusta, as vezes o silêncio me sopra poesias que eu declamo a mim em momentos de tristeza, as vezes as lágrimas molham meu travesseiro. As vezes sou esquecido por quem não deveria me esquecer jamais. As vezes o cigarro, as bebidas e a minha imaginação são o meu consolo, meu alento. As vezes nesses momentos leio um livro todo em uma madrugada pois ele me leva até um local novo, contudo, as vezes o livro acaba e eu estou no mesmo lugar. As vezes meus sonhos insistem em sumir quando eu mais preciso deles, as vezes eles são obras expressionistas ou futuristas que me motivam. As vezes eu me pego pensando em você e ainda consigo sentir seu cheiro na minha camisa guardada no fundo da gaveta. As vezes eu imagino nos dois, a nossa felicidade, a nossa risada, os nossos momentos felizes. As vezes você vai embora e não me deixa nada além da esperança de um dia estar novamente dentro do seu abraço. As vezes eu só espero por você. As vezes eu não espero mais nada. As vezes as pessoas me dizem não, as vezes não se preocupam comigo, as vezes não me dizem nada, apenas me deixam. As vezes eu nutro esperanças de coisas que não são reais, as vezes a ilusão é verdadeira, as vezes eu sofro. As vezes... As vezes não é minha vez, nunca foi, será um dia?

sábado, 23 de março de 2013

Esconjuras

Eu me lembro bem. Tenho certeza que foi em algum momento da minha vida passada que ouvi a expressão "O ócio é o caminho do diabo." Hoje no final desta vida pude perceber que essa é uma expressão bem assertiva. Lá no começo, talvez quando tenha entrado neste caminho, diga-se de passagem para mim sem volta, eu confiava piamente no que me diziam, eu espera ansioso o que iriam me oferecer e pude me decepcionar por inteiro quando nada acontecia. Nomes eu teria um livro para citar, mas prefiro não falar. Eu levo comigo, para onde quer que eu vá, aqueles que para mim são inspiração, os que não me serviam de nada eu li mais uma vez, para ter certeza que iria lembrá-los pela eternidade, pois foram importantes, eles foram como baobás, criaram raízes profundas em órgãos vitais, transformaram-se em grandes árvores que, em alguns momentos me ofereciam sombra, em outros me deixavam na escuridão. Contudo a escuridão me deixava mal, queria ver as luzes coloridas piscantes, mas estava em um ponto do caminho que já não era possível retornar. Resolvi retirar esses malditos baobás, e retirei, porém levaram com eles partes desses órgãos que não me lembrava estavam enraizados de forma tão profunda. Era rotina, era cotidiano, perdi mais uma vez. A cabeça estava vazia e a mente cheia de fantasmas que me assombravam. Percebi que, por vezes, as coisas são dolorosas entretanto necessárias. Tentava exorcizá-los, eles não me deixavam, daí preferi o silêncio da minha inquieta mente aos barulhos dos fantasmas que me matavam aos poucos, e por incrível que pareça, após o meu silêncio muitos fantasmas se foram, é como se entendessem que eu estava me entregando, e estava. Nesse ponto eu comecei a ver o fim do caminho. Mesmo assim dois fantasmas continuavam ao meu lado, eles não eram maus, eram meus companheiros, eles me despertavam desejos, eu esperava abraços, aguardava prazer, ansiava por carinho. Mas só me olhavam. Me incentivavam. Me olhavam. Me encurralavam. Me olhavam. Me apaixonavam. E eu cheguei no fim do caminho... só assim eles me deixaram...

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Pensamentos

Naquela manhã quando acordei e olhei para dentro de seus olhos percebi que estava errado. Sua beleza era maior do que eu percebia, meu amor por ti era tão pequeno tal qual um grão de areia perdido em uma praia deserta. Minha vida naquele instante resumia-se a você. O que eu respirava era seu cheiro, o que eu imaginava era seu retrato pregado em minha mente, insubstituível. Quando pensava em meu dia a tormenta era tão caótica, uma tempestade em alto mar, como quando se está a bordo de um pequeno barco, sem velas, sem remo, sem rumo. Meu elixigir era desejar a noite para te ver eternamente.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Depois do inverno

Quando você passa por um longo e na maioria das vezes tenebroso inverno, passa a ver a vida de uma forma diferente. Passa a sentir, a entender e a pensar de uma maneira ainda não tangida por sua própria imaginação, a mais insana que poderia vislumbrar. Mas agora, depois dos ferimentos do frio, a realidade. Tenho certeza que ainda era verão. Eu sempre passava por aquele mesmo campo cheio de flores silvestres que insistiam em colorir como pixels dos mais variados tons, a imensa relva verde, ora muito escura, ora clara, sendo transformada pelos incidentes raios do sol. Era uma imagem marcante que terminava quando as madeiras começavam a brotar no solo. A ponte. Tão linda. Era parte de mim, insubstituível, um porto de tranquilidade que me fazia caminhar sobre as incertas águas turbulentas do rio límpido que era o senhor absoluto no fim do desfiladeiro. Ela, a minha louvada ponte, era minha companheira, contudo o inverno foi chegando. A temperatura diminuindo em progressão geométrica. Fui percebendo que suas bases estavam sofrendo, suas madeiras rangiam, suas cordas estalavam e sua estabilidade não era a mesma. Eu temia. Intimamente sabia o que esperar no fim, mas nunca deixei de acreditar, trabalhávamos juntos, eu por ela, assim como ela por nós. Mas fui me distanciando. O frio desumano feria minha pele, e ela, estática, só me cobrava reparos que minha limitação humana impedia de oferecer. Dessa forma o inferno gélido chegou. Não poderia agora resistir as intempéries naturais. Parti. Certo de meu destino deixei a ponte. O relógio não parou. O tempo passou. O inverno findou. O tenebroso rei gelo agora não tinha forças, mas deixou suas marcas, como anualmente fazia. Quando voltei a meu lar, a minha ponte não estava mais lá, como previa. Ela não me entendeu. Não reconheceu minhas limitações, minhas necessidades, minha raça e me deixou. Lá estava a relva queimada pelo gelo, meus pixels coloridos ressurgiam, mais ainda não passavam de pontos monocromáticos estampados no campo. Tudo estava igual dentro das modificações. Menos minha ponte. Seu lugar ainda está lá, sempre estará. Guardo as fotos de nossos momentos inesquecíveis e o mais importante, minhas lembranças, pois o que fizemos juntos jamais deixará de existir. Não tenho dúvidas que seguiremos nossas vidas e nossos caminhos, talvez o meu um pouco mais complicado sem você, mas não tenho medo das dificuldades. E se um dia puder-me entender pode voltar, é só me chamar, o seu lugar estará guardando.