sexta-feira, 30 de junho de 2017

Sobre-humano ronda sútil

De todas as incertezas da vida a que mais é certa seja talvez a mais distante de entendermos. Se existe um antes, um agora e um depois muitos não sabem. Outros acreditam que isso é uma pauta envelhecida, não há discussões. Existem ainda os que acreditam apenas no agora. E tudo bem! Sincretismo nunca foi problema para os nossos. São tantas as camadas que nos envolvem e tantos mistérios como já escreviam no passado "entre o céu e a terra" que bastaria aos nossos apenas o respeito com qualquer um que seja identificado. O respeito. Esse pequeno termo e essa incomensurável qualidade é algo que eles sempre esperam e os nossos se afastam, com sagacidade. E tudo bem também! Se estamos dispostos a acessar esse arcabouço que temos em mira torta inconsciente basta seguirmos. Que os nossos aceitem que não somos iguais, que não existe proselitismo em nosso tempo a não ser do próprio tempo. É por isso que hoje eu sou folha. Eu fui a representação do tempo no instante de agora. Um conserto que passou com a brisa, com estes instantes breves farfalhantes, com as estações, com o frio, com o seco. A deriva da sorte, eu, que sou um ser solitário, desligo-me de tudo que fazia parte, de tudo que continha e do espaço que ocupava. Vago pelo ar, dançando e flutuando por cada sopro que me carrega, nunca paro seco, abruptamente. Nunca paro e seco. Até as minhas cicatrizes, minhas ranhuras viraram pó. Do pó ao pó. Das cinzas as cinzas, assim o que me basta é broto, é tronco. E renascido no meio desses outros eu busco evoluir, por mim, sempre pensando neles...