quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Quimera

Certa vez me disseram que o mais triste de uma despedida é a incerteza de uma volta. Eu naquela época pude acreditar. Pude pensar e hoje depois de alguem tempo posso discordar, não totalmente, mais em grande parte desta afirmação. Quando ainda não se passou por nenhuma despedia não temos a noção exata das dores, dúvidas, sofrimentos e agústias que esta nos trás. Somente quem passa por isso é que entende as aflições mil que mergulhamos. Eu já pude passar por diferentes formas de despedidas. Uma delas era aquela que me trazia a certeza de novamente te ver, tudo que sofriamos resumia-se em tentar saber qual o melhor momento para isso, e da forma como viviamos era ter a certeza que amanha seria perfeito, mais uma vez, um ao lado do outro. Vivemos tempos assim... Porém esse tempo findou. Eu particularmente passei a encarar as nossas despedidas como um recomeço. Sei que é contraditório mas era o sentimento que me invadia a cada ocasião dessa. Te via indo com a esperança, mesmo que no meu mais profundo íntimo, de que tudo pudesse voltar a ser como foi, onde teriamos alegria, felicidade, brincadeiras que só a gente entende. Passei a crer que para estar junto não precisaria estar perto, pensava mais em ti do que em mim. Sofri. Mais ainda sofreria mais quando passei forçadamente a entender nossa próxima despedida como o fim. O fim. Este é o termo mais perfeito e singelo para designar tudo que foi esta despedida. Banhado em muito desespero fui vencido por formas desumanas de prazer. Fui suplantado por compostos naturais, talvez até químicos que você escolheu. Fiquei desconsolado com meu coração partido e por vezes ainda me pego procurando pedaços na tentativa de reconstrui-lo. Fracasso sempre pois nunca encontro esses poucos pedaços vitais que me restam, uma vez que se foram com você. Talvez estejam eles jogados em uma caixa velha onde você tenha algumas relíquias que fizeram parte de sua vida, um pensamento esperançoso de que fiz parte dela e marquei a ponto de ser relembrado mesmo esquecido no fundo de uma caixa velha. Ou talvez ainda tenha significado pra ti nada mais que um velha peça de um quebra cabeça perdido e o fim destes pedaços você nem saiba ou se desfez deles de forma consciente para nunca mais recordar-se de mim... E mesmo depois de tantas despedidas não descordo totalmente da frase com que comecei este texto por um único motivo: eu ainda te encontro de uma maniera muito pessoal, você ainda frequenta meus pensamentos, lembro de nós sorrindo, ainda me pego olhando dentro de seus olhos, eu ainda te vejo em meus sonhos, e neles ainda somos felizes...

2 comentários:

  1. Gente, teus textos são muito bem escritos!

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  2. Copioso, intenso e bem escrito. Parabéns por descrever com tanta clareza a complexidade desse sentimento de afastamento, que gera sentimentos de abandono, tristeza e sofrimento. Você é um dos poucos que consegue traduzir e articular essas sensações de forma tão fluída.

    Mais uma vez, parabéns.

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